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Bula do Tolcapona

Princípio Ativo: Tolcapona

Karime Halmenschlager SleimanRevisado clinicamente por:Karime Halmenschlager Sleiman. Atualizado em: 14 de Março de 2023.

Tolcapona, para o que é indicado e para o que serve?

Tolcapona é indicado para uso em associação a levodopa/benserazida ou levodopa/carbidopa, em pacientes com Doença de Parkinson idiopática e flutuações motoras, que respondem à levodopa, mas não podem ser satisfatoriamente controlados por todos os medicamentos disponíveis nem são candidatos a outras alternativas terapêuticas.

Em razão do risco potencialmente fatal de hepatite aguda fulminante, Tolcapona não deve ser considerado primeira escolha como adjuvante à levodopa/benserazida ou levodopa/carbidopa.

Considerando-se que Tolcapona quando eficaz proporciona um benefício sintomático observável, em paciente que não demonstre benefício clínico significante nas 3 primeiras semanas o tratamento deverá ser interrompido devido ao risco de lesão hepática.

Quais as contraindicações do Tolcapona?

Tolcapona é contraindicado em pacientes com hipersensibilidade conhecida a tolcapona ou a qualquer outro componente do medicamento, com evidência de doença hepática ou aumento de enzimas hepáticas (ver Instruções posológicas especiais), com história de Síndrome Neuroléptica Maligna (SNM) e/ou rabdomiólise não traumática ou com discinesia grave.

Tolcapona não deve ser administrado em associação com inibidores não-seletivos da monoaminoxidase (IMAO, ex: fenelzina ou tranilcipromina). A administração concomitante de IMAO-A e IMAO-B é equivalente à inibição não-seletiva da MAO e, portanto, não deve ser utilizada com Tolcapona e preparações de levodopa. IMAOs-B seletivos, como a selegilina, não devem ser administrados em doses superiores às recomendadas (por exemplo, selegilina 10 mg/dia), quando associados a Tolcapona.

Tolcapona não deverá ser usado por pessoas com doença hepática ou aumento de enzimas hepáticas.

Tolcapona é contraindicado em pessoas com discinesia (distúrbio com movimentos involuntários ou descontrolados) grave ou que já tenham tido Síndrome Neuroléptica Maligna (SNM).

Categoria C de risco na gravidez.

Este medicamento não deve ser utilizado por mulheres grávidas sem orientação médica ou do cirurgião-dentista.

Como usar o Tolcapona?

Dose padrão

A dose recomendada de Tolcapona, é de 100 mg três vezes ao dia, sempre como adjuvante ao tratamento com levodopa/benserazida ou levodopa/carbidopa. Apenas em circunstâncias excepcionais, quando o benefício clínico esperado justificar o aumento do risco de reações hepáticas, o tratamento pode ser aumentado para 200 mg três vezes ao dia.

Testes de função hepática (TGO / AST e TGP / ALT), devem ser realizados antes do início do tratamento com Tolcapona, e após, a cada 2 a 4 semanas, no primeiro semestre. Após os 6 meses, o intervalo do monitoramento periódico deve ser julgado e recomendado pelo médico. Embora seja recomendado um programa de monitoramento periódico para evidenciar lesão hepatocelular, não é claro que o monitoramento periódico das enzimas hepáticas prevenirá a ocorrência de hepatite fulminante. Se a dose for aumentada até 200 mg, 3 vezes ao dia, devem-se monitorar as enzimas hepáticas antes do aumento da dose e, após o mesmo, reiniciar o controle com a frequência descrita acima.

Caso não se observe aumento do benefício clínico com 200 mg três vezes ao dia, em 3 semanas, deve-se retornar à dose de 100 mg três vezes ao dia. Em estudos clínicos, a maioria dos pacientes necessitou redução da dose diária de levodopa, quando superior a 600 mg ou no caso de o paciente apresentar discinesia moderada ou grave. Tais fatores, aliados à sensibilidade individual do paciente à alteração na posologia de preparados de levodopa, devem ser considerados ao se decidir sobre a redução da dose diária de levodopa no início do tratamento com Tolcapona.

Em estudos clínicos, a redução média da dose diária de levodopa foi de aproximadamente 30% nos pacientes que necessitaram ajuste de dose. Se Tolcapona for aumentado para 200 mg três vezes ao dia, um ajuste posterior de levodopa pode ser necessário. Em casos raros, a redução excessiva de levodopa resultou em síndrome semelhante à SNM.

Durante o tratamento com Tolcapona, a dose de levodopa deve ser ajustada adequadamente para otimizar os benefícios clínicos do tratamento combinado. A dose terapêutica máxima de 200 mg, 3 vezes ao dia não deve ser excedida, pois não há evidência de eficácia adicional em doses mais elevadas. Tolcapona é administrado por via oral, três vezes ao dia. A primeira dose do dia deve ser tomada junto com a primeira dose do preparado de levodopa, e as doses subsequentes, aproximadamente 6 e 12 h mais tarde.

Tolcapona pode ser ingerido com ou sem alimentos. Pode ser combinado com todas as formulações de levodopa/benserazida e levodopa/carbidopa. Assim como o efeito de inibição da COMT elevando as concentrações plasmáticas de levodopa pode ocorrer com a primeira dose, também pode ser necessário aumentar a dose de levodopa quando se descontinua a inibição da COMT, logo nos primeiros dias após a interrupção de Tolcapona.

Instruções posológicas especiais

Pacientes com insuficiência hepática

Pacientes com evidência de doença hepática e/ou elevação das enzimas hepáticas acima da normalidade não devem ser tratados com Tolcapona.

Pacientes com insuficiência renal

Não é necessário ajuste de dose em pacientes com insuficiência renal discreta ou moderada. A segurança de Tolcapona não foi avaliada em pacientes com clearance de creatinina inferior a 30 mL/min.

Este medicamento não deve ser partido, aberto ou mastigado.

Superdose: o que acontece se tomar uma dose do Tolcapona maior do que a recomendada?

A dose mais elevada de tolcapona administrada em seres humanos foi de 800 mg, 3 vezes ao dia, com e sem levodopa. A concentração plasmática máxima média de tolcapona nesta dose foi de 30 μg/mL (comparada a 3 μg/mL, com 100 mg, 3 vezes ao dia, e 6 μg/mL, com 200 mg, 3 vezes ao dia). Náusea, vômito e tontura foram observados, principalmente em associação com levodopa.

Cuidados em superdose

  • Hospitalização é aconselhável. Recomendam-se medidas de suporte geral. Com base nas propriedades físico-químicas de tolcapona, é improvável que a hemodiálise seja de utilidade.

Houve um caso cliníco de uma tentativa de suicídio que o paciente ingeriu 10.000 mg e apresentou diarreia após 2 horas.

Em caso de intoxicação ligue para 0800 722 6001, se você precisar de mais orientações. E notifique a empresa através do seu serviço de atendimento.

Interação medicamentosa: quais os efeitos de tomar Tolcapona com outros remédios?

Ligação a proteínas

Embora a tolcapona tenha elevado teor de ligação a proteínas, em estudos in vitro, não deslocou outras drogas de seus sítios de ligação, em concentrações terapêuticas.

Fármacos metabolizados pela catecol-O-metil-transferase (COMT)

Tolcapona pode influenciar a farmacocinética de fármacos metabolizados pela COMT. Entretanto, não se observaram efeitos na farmacocinética do substrato da COMT, a carbidopa.

Foi observada interação com a benserazida, que pode aumentar seus níveis plasmáticos e os de seu metabólito ativo. A magnitude deste efeito foi dependente da dose de benserazida.

Concentrações plasmáticas de benserazida após administração concomitante de tolcapona e levodopa/benserazida-25 mg permaneceram na faixa de variação observada com levodopa/benzerazida isoladamente. Por outro lado, após administração concomitante de tolcapona e levodopa/benserazida-50 mg, as concentrações plasmáticas de benserazida foram superiores às observadas com administração isolada de levodopa/benserazida.

O efeito da tolcapona na farmacocinética de outros fármacos metabolizados pela COMT, como a alfa-metildopa, dobutamina, apomorfina, epinefrina, isoproterenol e isoprenalina não foi avaliado. Devem-se monitorar possíveis eventos adversos atribuíveis à elevação dos níveis plasmáticos desses fármacos, quando administrados concomitantemente com Tolcapona.

Efeitos da tolcapona na biotransformação de outros fármacos

Em razão de sua afinidade pelo citocromo P450 2C9 in vitro, o tolcapona pode interferir com fármacos cuja eliminação seja dependente desta via metabólica, como a tolbutamida e a varfarina. Em um estudo de interação, o tolcapona não alterou a farmacocinética da tolbutamida.

Portanto, interações clinicamente relevantes envolvendo o citocromo P450 2C9 parecem improváveis.

Como a informação clínica relativa à associação de varfarina com tolcapona é limitada, devem-se monitorar os parâmetros de coagulação quando estes fármacos forem associados.

Interações medicamentosas relacionadas a competição por glicuronidação são improváveis, uma vez que o fígado apresenta alta capacidade de glicuronidação.

O tolcapona não alterou a farmacocinética da desipramina, embora os dois fármacos compartilhem a glicuronidação como sua principal via metabólica.

Fármacos que aumentam as catecolaminas

A tolcapona não influenciou o efeito da efedrina, um simpaticomimético indireto, em parâmetros hemodinâmicos ou nos níveis plasmáticos de catecolaminas, quer em repouso ou durante exercício físico. Como a tolcapona não alterou a tolerabilidade da efedrina, estes fármacos podem ser associados.

Quando Tolcapona foi administrado com levodopa/carbidopa e desipramina, não houve alterações significantes de pressão arterial, pulso ou concentrações plasmáticas de desipramina.

Em geral, a frequência de eventos adversos aumentou discretamente. Tal efeito era previsível, com base nos eventos adversos conhecidos de cada um dos três fármacos individualmente. Portanto, deve-se ter cuidado quando se administrar desipramina a pacientes com Doença de Parkinson tratados com Tolcapona e preparações de levodopa.

Em estudos clínicos, pacientes que receberam Tolcapona/preparações de levodopa relataram um perfil semelhante de eventos adversos, independentemente de terem ou não recebido selegilina (um inibidor da MAO-B) concomitantemente. Não há dados disponíveis relativos à associação de Tolcapona e inibidores da MAO-A e, portanto, tal associação deve ser realizada com cautela.

Qual a ação da substância do Tolcapona?

Resultados de Eficácia


Meta-análise da Cochrane em 14 estudos totalizando 2566 pacientes mostrou que, quando administradas nas doses recomendadas, tolcapona melhora o período OFF e ON duas vezes mais do que entacapona. A tolcapona deve ser considerada para todos os pacientes com flutuação motora refratária à entacapona.

Referência:

CNS Neuroscience & Therapeutics 14:83–93, 2008. ‘’Evidence-Based Efficacy Comparison of Tolcapone and Entacapone as Adjunctive Therapy in Parkinson’s Disease’’. Lees AJ.

Características Farmacológicas


Mecanismo de ação

Tolcapona é um inibidor seletivo e reversível da catecol-O-metil-transferase (COMT), ativo por via oral. Quando administrado concomitantemente com levodopa e um inibidor da descarboxilase de aminoácidos aromáticos, proporciona níveis plasmáticos mais estáveis de levodopa, por redução da biotransformação de levodopa em 3-metoxi-4-hidroxil-L-fenilalanina (3-OMD). Acredita-se que a estabilização dos níveis plasmáticos de levodopa resulte em estimulação dopaminérgica cerebral mais constante, produzindo melhora sintomática e possibilitando redução da dose diária de levodopa.

Quando Tolcapona é administrado associado à levodopa, ele aumenta a biodisponibilidade relativa da levodopa em aproximadamente duas vezes, por redução do clearance plasmático total e consequente prolongamento da meia-vida de eliminação da levodopa. Em geral, o pico máximo de concentração plasmática de levodopa (Cmáx), assim como o tempo para sua ocorrência (tmáx),não são afetados. O início do efeito ocorre após a primeira administração e o efeito máximo é alcançado com doses de 100 a 200 mg de tolcapona. Os níveis plasmáticos de 3-OMD são reduzidos acentuadamente, de forma dose-dependente, por tolcapona, quando este é administrado com levodopa/benserazida ou levodopa/ carbidopa. O efeito de tolcapona na farmacocinética da levodopa é semelhante com todas as formulações farmacêuticas de levodopa/benserazida e levodopa/carbidopa.

Como Tolcapona deve ser usado em combinação com levodopa/benserazida ou levodopa/carbidopa, a informação para prescrição das preparações de levodopa aplica-se também a seu uso concomitante com Tolcapona.

Eficácia

Nas doses terapêuticas recomendadas (100 a 200 mg, 3 vezes ao dia), Tolcapona reduziu o período OFF em média aproximadamente 20 a 30 %, em pacientes flutuadores tratados com preparados de levodopa.

Tolcapona permite uma redução significativa no uso de levodopa em pacientes parkinsonianos flutuadores e reduz a necessidade de aumento de levodopa em pacientes não-flutuadores.Em estudos com duração de até 1 ano, tem-se demonstrado que o efeito de Tolcapona se mantém, tanto em flutuadores como em não-flutuadores.

Farmacocinética

Na faixa terapêutica, a farmacocinética de tolcapona é linear e independente da co-administração de levodopa/benserazida ou levodopa/carbidopa.

Absorção

O tolcapona é rapidamente absorvido, com um tmáx de aproximadamente 2 horas. A biodisponibilidade absoluta de uma dose oral é de aproximadamente 65%. O tolcapona não se acumula com administrações repetidas, 3 vezes ao dia, de 100 ou 200 mg. Nestas doses, a Cmáx é de, aproximadamente, 3 μg/mL e 6 μg/mL, respectivamente. A presença de alimentos retarda a absorção de tolcapona, embora a biodisponibilidade relativa de uma dose ingerida com uma refeição seja de 80 a 90%.

Distribuição

O volume de distribuição do tolcapona é pequeno (Vss=9 ), em razão de seu elevado teor de ligação a proteínas plasmáticas (>99,9%). Experiências in vitro demonstram que o tolcapona se liga principalmente à albumina plasmática.

Biotransformação

O tolcapona é quase completamente biotransformado antes da excreção, com apenas pequena quantidade (0,5% da dose) detectada inalterada na urina. A principal via de biotransformação do tolcapona é a conjugação a um glicuronídeo inativo. Além disso, em menor grau, o composto é metilado pela COMT a 3-O-metil-tolcapona e biotransformado, pelo citocromo P450 3A4 e P450 2A6, a um álcool primário, que é subsequentemente oxidado a ácido carboxílico. Após administração oral, 60% dos metabólitos são excretadas na urina e 40% nas fezes.

Eliminação

O tolcapona é um fármaco com baixa taxa de extração (= 0,15), apresentando uma depuração sistêmica de cerca de 7 l/h. O t½ß do tolcapona é de, aproximadamente, 2 horas.

Farmacocinética em populações especiais

Pacientes com insuficiência hepática

Em razão do risco de lesão hepática observado durante a experiência pós-comercialização, Tolcapona é contraindicado em pacientes com doença hepática ou aumento de enzimas hepáticas. Em pacientes com cirrose hepática moderada, a depuração plasmática da fração livre de tolcapona foi reduzida em cerca de 50%. Tal alteração pode dobrar a concentração média da fração livre.

Pacientes com insuficiência renal

Não foram realizados estudos específicos de tolcapona em pacientes com insuficiência renal. Entretanto, a relação entre função renal e a farmacocinética de tolcapona tem sido avaliada por farmacocinética populacional durante os ensaios clínicos. Dados de mais de 400 pacientes, em uma ampla faixa de variação de valores do clearance de creatinina (30-130 mL/min), confirmam que a farmacocinética do tolcapona não é afetada pela função renal. Isto pode ser explicado pelo fato de que apenas uma quantidade desprezível de tolcapona inalterado é excretada na urina e seu principal metabólito, tolcapona-glicuronídeo, é excretado tanto na urina quanto na bile (fezes).

Fontes consultadas

  • Bula do Profissional do Medicamento Tasmar®.

Doenças relacionadas

O conteúdo desta bula foi extraído manualmente da bula original, sob supervisão técnica do(a) farmacêutica responsável: Karime Halmenschlager Sleiman (CRF-PR 39421). Última atualização: 14 de Março de 2023.

Karime Halmenschlager SleimanRevisado clinicamente por:Karime Halmenschlager Sleiman. Atualizado em: 14 de Março de 2023.

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