Bula do Spinosad
Princípio Ativo: Spinosad
Spinosad, para o que é indicado e para o que serve?
Cães e gatos
Tratamento e prevenção de infestações de pulgas (Ctenocephalides felis).
O efeito preventivo contra as reinfestações resulta da atividade contra as pulgas adultas e da redução na produção de ovos. Este efeito persiste até 4 semanas após uma única administração do medicamento veterinário.
O medicamento veterinário pode ser administrado como parte de uma estratégia de tratamento para o controlo da Dermatite Alérgica à picada de pulga (DAP).
Quais as contraindicações do Spinosad?
Não administrar a cães ou a gatos com menos de 14 semanas de idade.
Não administrar em casos de hipersensibilidade conhecida à substância activa ou a qualquer um dos excipientes.
Como usar o Spinosad?
Via oral.
O medicamento veterinário deve ser administrado juntamente com a comida ou após a alimentação. A duração da eficácia do medicamento veterinário pode ser reduzida se a dose for administrada de estômago vazio.
Para assegurar a máxima eficácia, se ocorrerem vómitos no período de uma hora após a administração e o comprimido for visível, administrar novamente uma dose completa. Se a dose não for visível, administrar o medicamento veterinário quando der novamente comida e retomar o plano de dosagem mensal.
O medicamento veterinário pode ser administrado com segurança com intervalos mensais na dose recomendada.
Os comprimidos são para mastigar e têm um sabor agradável para os cães. Se os cães ou gatos não aceitarem diretamente os comprimidos, estes podem ser administrados juntamente com a comida ou diretamente abrindo a boca do animal e colocando o comprimido na parte de trás da língua.
Cães
O medicamento veterinário deve ser administrado de acordo com a tabela que se segue, para que a dosagem 45 - 70 mg/kg de massa corporal nos cães seja assegurada.
Peso corporal (kg) do cão | Número de comprimidos e dosagem do comprimido (mg de Spinosad) |
1,3 – 2,0 | 1x 90 mg |
2,1 – 3,0 | 1x 140 mg |
3,1 – 3,8 | 2x 90 mg |
3,9 - 6,0 | 1 x 270 mg |
6,1 - 9,4 | 1 x 425 mg |
9,5 - 14,7 | 1 x 665 mg |
14,8 - 23,1 | 1 x 1040 mg |
23,2 - 36,0 | 1 x 1620 mg |
36,1 - 50,7 | 1 x 1620 mg + 1 x 665 mg |
50,8 - 72,0 | 2 x 1620 mg |
Gatos
O medicamento veterinário deve ser administrado de acordo com a tabela que se segue, para que a dosagem de – 75 mg/kg de massa corporal nos gatos seja assegurada.
Peso corporal (kg) do gato | Número de comprimidos e dosagem do comprimido (mg de Spinosad) |
1,2 - 1,8 | 1x 90 mg |
1,9 - 2,8 | 1x 140 mg |
2,9 – 3,6 | 2x 90 mg |
3,7 - 5,4 | 1x 270 mg |
5,5 - 8,5 † | 1x 425 mg |
†Gatos com mais de 8,5 kg: administrar a combinação apropriada de comprimidos.
As propriedades inseticidas residuais do medicamento veterinário persistem por um período máximo de 4 semanas após uma única administração. Se as pulgas reaparecerem na quarta semana, o intervalo de tratamento pode ser encurtado até um máximo de 3 dias. Nos gatos, deve manter-se o intervalo completo de 4 semanas, mesmo que as pulgas reapareçam (devido a uma ocasional eficácia persistente ligeiramente reduzida) antes do final das 4 semanas.
Procurar aconselhamento do médico veterinário relativamente a informações sobre a melhor altura para iniciar o tratamento com este medicamento.
Superdose: o que acontece se tomar uma dose do Spinosad maior do que a recomendada?
Não existe qualquer antídoto. No caso de sinais clínicos de reações adversas, o animal deve ser tratado sintomaticamente.
Nos cães, observou-se um aumento, em função da dose, da incidência do vômito no dia da administração ou no dia seguinte. Este vômito é muito provavelmente causado por um efeito local no intestino delgado. Em doses que excedam a dose recomendada, os vômitos ocorrem com muita frequência. Em doses aproximadamente 2,5 vezes superiores à dose recomendada, o Spinosad causa vômitos na grande maioria dos cães.
Nos cães, em doses até 100 mg/kg de peso por dia durante 10 dias, o único sintoma clínico de sobredosagem foram os vômitos, os quais ocorreram num período de 2,5 horas após a administração. Incrementos ligeiros de uma enzima designada ALT (alanina amino transferase) ocorreram em todos os cães tratados com o medicamento veterinário apesar dos valores da ALT regressarem aos respectivos valores da linha de base ao vigésimo quarto dia. Também ocorreu fosfolipidose (vacuolização do tecido linfático); apesar disto não ser relacionado com sinais clínicos em cães tratados até aos 6 meses.
Nos gatos, a 1,6 vezes a dose máxima indicada, Spinosad causou vômitos em cerca de metade dos gatos e depressão, andamento rápido de um lado para o outro/respiração ofegante e diarreia grave em ocasiões raras.
Nos gatos, em doses de 75 a 100 mg/kg de peso corporal por dia, durante 5 dias, em intervalos mensais durante um período de seis meses, o sinal clínico observado com maior frequência foram os vômitos. Além disso, observou-se uma redução na ingestão de alimentos nas fêmeas; no entanto, não se observou uma redução significativa no seu peso corporal. Também ocorreu fosfolipidose (vacuolação do fígado, glândulas supra-renais e pulmões). Notou-se ainda hipertrofia hepatocelular difusa em machos e fêmeas, e este achado correlacionou-se com pesos agrupados mais elevados, em média, do fígado. No entanto, não houve evidência nas observações clínicas e nos parâmetros de química clínica que indicassem qualquer perda de função dos órgãos.
Interação medicamentosa: quais os efeitos de tomar Spinosad com outros remédios?
O Spinosad mostrou ser um substrato da glicoproteína-P (PgP). Consequentemente, o spinosad pode interagir com outros substratos-PgP (por exemplo, digoxina, doxorrubicina) e possivelmente causar um aumento das reacções adversas dessas moléculas ou comprometer a eficácia do medicamento veterinário.
Relatórios efetuados após a comercialização, no seguimento de uma utilização concomitante do medicamento veterinário com doses elevadas de ivermectina, fora da indicação terapêutica, indicam que os cães experienciaram tremores/contrações musculares, salivação/sialorreia, ataques, ataxia, midríase, cegueira e desorientação.
Qual a ação da substância do Spinosad?
Características Farmacológicas
Grupo farmacoterapêutico: outros parasiticidas para uso sistémico.
Código ATCvet: QP53BX03.
Propriedades farmacodinâmicas
Spinosad inclui espinosina A e espinosina D. A atividade inseticida de Spinosad é caracterizada por uma excitação nervosa que provoca contrações musculares e tremores, prostração, paralisia e morte rápida da pulga. Estes efeitos são principalmente causados pela ativação de receptores de acetilcolina nicotínica (nAChRs). Assim, Spinosad possui um modo de ação diferente de outros medicamento veterinário de controlo de insetos ou de pulgas. Não interage com locais de ligação conhecidos de outros inseticidas nicotínicos ou que transmitam GABA, tais como neonicotinóides (imidaclopride ou nitenpiram), fiproles (fipronil), milbemicinas, avermectinas (por exemplo a selamectina) ou ciclodienos, atuando, por isso, através de um novo mecanismo inseticida.
O medicamento veterinário começa a matar as pulgas 30 minutos após a sua administração; nos cães, 100% das pulgas estão mortas/a morrer nas 4 horas após o tratamento e, nos gatos, em 24 horas.
A atividade inseticida contra novas infestações persiste até 4 semanas.
Propriedades farmacocinéticas
Aproximadamente 90% de Spinosad é constituído por espinosina A e D. Desses 90%, a razão de espinosina A para A+D é de 0,85, quando calculada como espinosina A/espinosina A+D. A consistência deste quadro na farmacocinética e outros estudos indicam uma semelhança na absorção, metabolismo e eliminação das duas espinosinas principais.
Nos cães, as espinosinas A e D são rapidamente absorvidas e extensivamente distribuídas pelos cães após a administração oral. A biodisponibilidade mostrou ser de aproximadamente 70%. A Tmáx média para a espinosina A e D variou entre 2-4 horas e a semivida média de eliminação variou de 127,5 a 162,6 horas e 101,3 a 131,9 horas, respectivamente. Os valores AUC e Cmáx foram superiores em cães alimentados, em comparação com cães em jejum, e aumentaram aproximadamente de forma linear com taxas incrementais de doses no intervalo de dosagem terapêutico pretendido. Assim, recomenda-se o tratamento de cães juntamente com a comida, de forma a maximizar a oportunidade de as pulgas ingerirem quantidades letais de Spinosad. Os metabolitos biliar, fecal e urinário primários, quer no rato quer no cão, foram identificados como espinosinas desmetiladas, conjugados de glutationa dos compostos parentais e espinosinas A e D N-desmetiladas. A excreção é maioritariamente feita através da bílis e das fezes, e também da urina, embora em quantidades inferiores. A excreção fecal continha a vasta maioria dos metabolitos nos cães. Em cadelas lactantes, Spinosad é excretado no colostro/leite.
Nos gatos, as espinosinas A e D são absorvidas com igual rapidez e distribuídas extensivamente após a administração oral. A ligação proteica plasmática é elevada (~99%). A biodisponibilidade mostrou ser de aproximadamente 100%, atingindo-se as concentrações plasmáticas máximas cerca de 4-12 horas após o tratamento, e com semividas de espinosina A e espinosina D entre os 5 e os 20 dias nos gatos com administração de 50-100 mg de Spinosad por kg de peso corporal. Os valores de AUC e Cmáx foram mais elevados nos gatos alimentados do que nos gatos em jejum. Por conseguinte, recomenda-se o tratamento dos gatos com alimentos, uma vez que tal maximiza a oportunidade de as pulgas ingerirem quantidades letais de Spinosad. Nos gatos adultos, a AUC aumentou ao longo de 3 meses consecutivos de administração com 75 mg de Spinosad por kg de peso corporal, após o que se atingiu o estado de equilíbrio; no entanto, não ocorreu qualquer impacto clínico em resultado disto.
Os metabolitos fecais e urinários primários, quer no rato quer no gato, foram identificados como sendo os conjugados de glutationa dos compostos parentais e espinosinas A e D N-desmetiladas. A excreção é maioritariamente feita através das fezes, e também da urina, embora em quantidades inferiores. A excreção fecal continha a vasta maioria dos metabolitos nos gatos.
Fontes consultadas
- Parecer Público do Medicamento Comfortis.
Doenças relacionadas
O conteúdo desta bula foi extraído manualmente da bula original, sob supervisão técnica do(a) farmacêutica responsável: Karime Halmenschlager Sleiman (CRF-PR 39421). Última atualização: 31 de Agosto de 2022.