Bula do Pirimetamina + Sulfadoxina
Princípio Ativo: Pirimetamina + Sulfadoxina

Pirimetamina + Sulfadoxina, para o que é indicado e para o que serve?
Tratamento da malária
Pirimetamina + Sulfadoxina é indicado para o tratamento da malária por P. falciparum, quando a infecção ocorre em área de resistência à cloroquina.
Profilaxia da malária
Pirimetamina + Sulfadoxina é indicado para viajantes que se destinam a áreas onde a malária por P. falciparum resistente à cloroquina é endêmica.
Sempre que se desejar fazer profilaxia da malária, deve ser considerada a situação da doença, a possibilidade de ocorrência de efeitos colaterais e, em particular, a tendência à resistência na área para a qual se destina o viajante. Até o momento, não existe nenhum agente antimalárico que proteja totalmente o paciente contra a malária, mas a administração consciente de medicamentos profiláticos pode, habitualmente, prevenir uma evolução da doença.
Outros
Pirimetamina + Sulfadoxina é também eficaz em infecções causadas por Toxoplasma gondii e na profilaxia de pneumonia por Pneumocystis carinii.
Quais as contraindicações do Pirimetamina + Sulfadoxina?
Pirimetamina + Sulfadoxina está contraindicado em pacientes com conhecida hipersensibilidade a sulfonamidas ou a qualquer componente presente na formulação.
A ocorrência de reações cutâneas exige a suspensão imediata do medicamento e a consulta a um médico.
O uso profilático (prolongado) de Pirimetamina + Sulfadoxina está contraindicado em pacientes com insuficiência renal grave, acentuadodano do parênquima hepático ou discrasia sanguínea.
Este medicamento é contraindicado para menores de 2 meses de idade.
Como usar o Pirimetamina + Sulfadoxina?
O comprimido de Pirimetamina + Sulfadoxina deve ser administrado por via oral junto com 1 copo com água.
Os comprimidos de Pirimetamina + Sulfadoxina não devem ser mastigados.
As ampolas devem ser aplicadas em injeção intramuscular profunda. Não devem ser adicionadas a soluções para infusão venosa.
Para facilitar a abertura da ampola, segure no corpo da mesma e pessione no ponto indicado.
Posologia do Pirimetamina + Sulfadoxina
Tratamento curativo da malária com dose única
Comprimido |
Ampola |
|
Adultos |
3 comprimidos |
3 ampolas |
Crianças com 5 - 10 kg |
1⁄2 comprimido |
1⁄2 ampola |
Crianças com 11 - 20 kg |
1 comprimido |
1 ampola |
Crianças com 21 - 30 kg |
1 e 1⁄2 comprimidos |
1 e 1⁄2 ampolas |
Crianças com 31 - 45 kg |
2 comprimidos |
2 ampolas |
Profilaxia ou tratamento supressivo da malária
As doses indicadas no quadro a seguir devem ser administradas como dose única.
Pirimetamina + Sulfadoxina ampolas é apropriado nesta indicação, particularmente, para pacientes com intolerância à administração de medicamentos por via oral.
Pessoas semi-imunes (de 4 em 4 semanas) |
Pessoas não-imunes |
|
Adultos (de acordo com o peso) |
2 – 3 comprimidos/ ampolas |
1 comprimido / ampola |
Doses mais altas para pessoas com mais de 60 kg |
de 4 em 4 semanas |
de 2 em 2 semanas |
Crianças com 5 -10 kg |
½ comprimido/ ampola |
½ comprimido/ ampola |
Crianças com 11 - 29 kg |
1 comprimido/ ampola |
1 comprimido/ ampola |
Crianças com 30 - 45 kg |
2 comprimidos/ ampolas |
1 e ½ comprimidos/ ampolas |
Para profilaxia da malária, a primeira dose de Pirimetamina + Sulfadoxina deve ser administrada 1 semana antes da viagem para a área endêmica; a administração deve ser continuada conforme o esquema posológico mencionado, durante o período de permanência na área e nas 6 primeiras semanas após o retorno.
Para conseguir resposta terapêutica mais rápida e evitar recaídas (recrudescências), recomenda-se administrar quinina concomitantemente, na posologia usual durante 3 a 7 dias, por via oral ou, em casos graves, por infusão venosa.
Duração da profilaxia ou do tratamento supressivo
Como não existe, até o momento, nenhuma experiência de administração durante período acima de 2 anos, não se recomenda o uso por tempo prolongado.
Tratamento de toxoplasmose
Adultos
2 comprimidos / ampolas uma vez por semana durante 6 a 8 semanas (quando existe comprometimento do SNC, associar espiramicina na dose de 3 g por dia durante 3 a 4 semanas).
A experiência em crianças é limitada para esta indicação.
Profilaxia de infecção por Pneumocystis carinii
Crianças
40 mg/kg (tomando-se como base a sulfadoxina) a cada 2 semanas.
Dosagem proposta para adultos
1 a 2 comprimidos / ampolas por semana.
Interação medicamentosa: quais os efeitos de tomar Pirimetamina + Sulfadoxina com outros remédios?
Pirimetamina + Sulfadoxina pode ser associado à quinina e à mefloquina, assim como a antibióticos.
Pirimetamina + Sulfadoxina não possui efeito hipoglicêmico e não influencia a ação dos medicamentos antidiabéticos.
Deve-se evitar a administração concomitante de Pirimetamina + Sulfadoxina e trimetoprima ou trimetoprima-sulfonamida, pois pode prejudicar ainda mais o metabolismo do ácido fólico e, em consequência, originar reações adversas hematológicas.
Quando a cloroquina é associada ao Pirimetamina + Sulfadoxina pode ser observado um aumento na incidência e na gravidade das reações adversas, quando comparado ao uso do Pirimetamina + Sulfadoxina isoladamente.
Qual a ação da substância do Pirimetamina + Sulfadoxina?
Resultados de Eficácia
Pirimetamina + Sulfadoxina é eficaz contra todos os plasmódios patogênicos humanos (P. falciparum, P. vivax, P. ovale, P. malariae) e também contra cepas resistentes a agentes antimaláricos, como a cloroquina e outras 4-aminoquinoleínas ou à pirimetamina.
Entretanto, em certas áreas endêmicas, particularmente na América do Sul e Sudeste da Ásia podem ser encontradas cepas de Plasmodium falciparum que desenvolveram resistência ao Pirimetamina + Sulfadoxina.
Estudos de eficácia no tratamento da Malária aguda
Em pacientes adultos
Utilizando protocolos padrões da OMS para a resposta clínica em áreas de transmissão intensa (Uganda), a combinação pirimetamina/sulfadoxina (PS) foi superior à cloroquina na erradicação do Plasmodium falciparum, conforme determinado em 90 pacientes tratados com um ou outro agente. Cloroquina foi administrada na dose de 25 mg/kg, divididos em 10 mg/kg nos dias 0 e 1, seguido por 5 mg/kg no dia 2. Pirimetamina/sulfadoxina foi administrada na dose única de 1,25 mg/kg pirimetamina (25 mg de sulfadoxina /kg).
A resposta clínica e parasitária foi avaliada nos dias 14 e 28. No dia 14, a resposta clínica foi evidente em 89% dos pacientes tratados com a combinação PS, e apenas em 46% no grupo de cloroquina. Os parasitas foram eliminados em 70% dos pacientes do grupo PS e em 28% do grupo de cloroquina. Entre os pacientes com resposta clínica no dia 14, recidiva clínica no dia 28 foi mais frequente no grupo tratado com cloroquina (44%) que no grupo tratado com PS (34%), com parasitemia presente em 55% e 43% respectivamente.
Os pacientes que menos responderam ao tratamento foram as crianças com idade inferior a 5 anos tratadas com cloroquina, com taxas de insucesso clínico 7 vezes maior do que em pacientes com idade similar tratados com PS. O risco de falha do tratamento em pacientes idosos tratados com cloroquina foi aproximadamente 3 vezes superior que de idosos tratados com PS. Não foram detectadas diferenças de resultados relacionadas à idade.
Em pacientes pediátricos
Pirimetamina /sulfadoxina foi uma boa alternativa terapêutica à cloroquina em crianças de Gana com malária falciparum não complicada; além disso, foi encontrada alta resistência à loroquina.
Em estudo randomizado com 142 crianças com idade entre 6 meses e 5 anos comparando cloroquina (n = 72) à sulfadoxina / pirimetamina (n = 70) foi realizada em Gana. Os doentes receberam sulfadoxina/pirimetamina 25 mg/kg (baseado em sulfadoxina) no dia 0 ou cloroquina 10 mg/kg no dia 0 e 1,5 mg/kg no dia 2. Falha no tratamento ocorreu em 21 pacientes tratados com cloroquina e em apenas 1 paciente tratado com a combinação sulfadoxina / pirimetamina. Com base na resposta parasitológica, foi apresentada maior resistência à cloroquina em comparação com sulfadoxina / pirimetamina.
Estudos sobre o tratamento de infeções causadas por Toxoplasma gondii e profilaxia de pneumonia por Pneumocystis carinii
Infecções por Toxoplasma gondii e Pneumocystis carinii são frequentes na população em geral em diversos países. Em pacientes transplantados imunocomprometidos e em pacientes com síndrome da imunodeficiência adquirida (AIDS), encefalite toxoplásmica (ET) e pneumonia por Pneumocystis carinii (PCP) são, no entanto, as mais comuns entre as infecções oportunistas.
Sem a profilaxia primária, aproximadamente 80% dos indivíduos infectados com o vírus do HIV sofrerão de PCP. A incidência de ET é alta, no entanto, varia de acordo com as diferenças regionais nas infecções por Toxoplasma gondii.
Um estudo prospectivo randomizado em 120 pacientes que passaram por transplante de fígado foi conduzido para comparar a eficácia e a segurança de Pirimetamina + Sulfadoxina administrado semanalmente com trimetoprima e sulfametoxazol diário na prevenção de pneumonia por Pneumocystis carinii. Ambas as medicações foram administradas por 6 meses após o transplante. Nenhum dos 60 pacientes utilizando Pirimetamina + Sulfadoxina semanalmente desenvolveu pneumonia por Pneumocystis carinii, enquanto 2 (3%) dos 60 pacientes tratados com trimetoprima e sulfametoxazol desenvolveram a doença. Para ambos os tipos de pacientes, o medicamento em estudo foi descontinuado várias semanas antes por causa de eventos adversos.
Os autores concluíram que a administração semanal de Pirimetamina + Sulfadoxina é tão eficaz quanto a administração diária de trimetoprima e sulfametoxazol na profilaxia de pneumonia por Pneumocystis carinii após transplante de fígado.
Características Farmacológicas
Farmacodinâmica
Pirimetamina + Sulfadoxina atua sobre os agentes causadores da malária, graças à potencialização recíproca de seus dois componentes.
Devido à esta marcante ação sinérgica, as formas eritrocíticas assexuadas dos parasitas da malária (trofozoítos e esquizontes) são eliminadas com uma única dose. Este efeito é possível graças ao bloqueio de duas enzimas envolvidas na biossíntese do ácido folínico dos parasitas.
Farmacocinética
Absorção
Após administração de 1 comprimido, níveis plasmáticos máximos de pirimetamina (0,21 mg/L) e sulfadoxina (63,2 mg/L) são alcançados em cerca de 4 horas (médias obtidas em 14 voluntários).
Distribuição
O volume de distribuição da sulfadoxina e da pirimetamina é de 0,14 L/kg e 2,3 L/kg, respectivamente. Em pacientes que administram 1 comprimido por semana (dose recomendada para profilaxia da malária em adultos), espera-se que a concentração plasmática média no steady state (estado de equilíbrio dinâmico) seja de 0,15 mg/L de pirimetamina após, aproximadamente, 4 semanas e de 98 mg/L de sulfadoxina após, aproximadamente, 7 semanas. A ligação às proteínas plasmáticas é de, aproximadamente, 90% para pirimetamina e sulfadoxina. Ambas as substâncias atravessam a placenta e passam para o leite materno.
Metabolização
Cerca de 5% da sulfadoxina aparece no sangue na forma de metabólito acetilado e, cerca de 2-3%, como glucuronida. A pirimetamina é transformada em diversos metabólitos.
Eliminação
Uma meia-vida de eliminação relativamente longa é característica de ambos os componentes. Os valores médios são 96 horas para pirimetamina e 184 horas para sulfadoxina. Ambas as substâncias são eliminadas principalmente pelos rins.
Em pacientes com insuficiência renal, deve-se contar com a eliminação retardada dos princípios ativos de Pirimetamina + Sulfadoxina.
Doenças relacionadas
O conteúdo desta bula foi extraído manualmente da bula original, sob supervisão técnica do(a) farmacêutica responsável: Karime Halmenschlager Sleiman (CRF-PR 39421). Última atualização: 16 de Outubro de 2020.
