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Bula do Pindolol

Princípio Ativo: Pindolol

Karime Halmenschlager SleimanRevisado clinicamente por:Karime Halmenschlager Sleiman. Atualizado em: 14 de Março de 2023.

Pindolol, para o que é indicado e para o que serve?

Quais as contraindicações do Pindolol?

Como usar o Pindolol?

A dose deve ser adaptada às necessidades individuais do paciente.

Posologia do Pindolol


População alvo geral

Hipertensão

Recomenda-se 5 a 15 mg como dose única pela manhã. Quando a dose prescrita for de 20 mg, esta deve ser dividida em 2 ingestões diárias. Nos casos de hipertensão leve e moderada a administração de Pindolol por si só é frequentemente suficiente. Nos casos mais graves ou resistentes poderá ser necessária a associação com outros medicamentos anti-hipertensivos.

Angina pectoris e arritmias cardíacas

A dose diária de 10-30 mg é normalmente dividida em 2 ou 3 ingestões.

Síndrome cardíaca hipercinética

10 a 20 mg ao dia.

Populações especiais

Insuficiência renal / hepática

Pacientes com insuficiência renal ou hepática podem ser tratados com doses normais. Somente em casos graves pode ser necessária uma redução da dose diária.

Pacientes pediátricos

Uma vez que a eficácia e a segurança de Pindolol não foram estabelecidas em crianças, Pindolol não é indicado para crianças.

Pacientes geriátricos

Não existe evidência de que os pacientes geriátricos necessitam de doses diferentes, porém os mesmos devem ser tratados com cautela.

Interrupção do tratamento

O tratamento com Pindolol não deve ser interrompido repentinamente, especialmente em pacientes com doença isquêmica do coração. Para evitar a piora da angina pectoris, a dosagem deve ser gradualmente reduzida ao longo de 1 a 3 semanas e, se necessário, um tratamento substituto deve ser iniciado ao mesmo tempo.

Este medicamento não deve ser partido, aberto ou mastigado.

Superdose: o que acontece se tomar uma dose do Pindolol maior do que a recomendada?

Sinais e sintomas

Uma superdose de betabloqueadores pode levar à bradicardia acentuada, hipotensão arterial, insuficiência cardíaca, choque cardiogênico, distúrbios da condução, parada cardíaca, dispneia, broncoespasmo, vômitos, hipoglicemia, níveis de depressão da consciência, convulsões generalizadas, coma e morte. Em circunstâncias raras, a superdose de betabloqueadores com atividade simpatomimética intrínseca (ASI), como Pindolol, podem apresentar taquicardia e hipertensão. A ingestão concomitante de álcool, anti-hipertensivos, antidepressivos ou antiarrítmicos pode agravar os sinais e sintomas de superdose.

Tratamento

Normalmente a dosagem excessiva com Pindolol não requer tratamento especial. Se em casos graves for necessário o tratamento, 0,5-1,0 mg (ou mais) de sulfato de atropina deve ser administrado por via intravenosa. Alternativamente, com a finalidade de estimular os receptores beta-adrenérgicos, poderá ser administrado cloridrato de isoprenalina, por injeção endovenosa lenta, iniciando-se com aproximadamente 5 mcg/min até ser obtido o efeito desejado.

Em casos refratários, a administração parenteral de 8-10 mg de cloridrato de glucagon pode ser eficaz; a injeção poderá ser repetida e, se necessário, seguida por uma infusão endovenosa de 1-3 mg/hora. O paciente deverá estar sob monitoração contínua durante esses procedimentos.

Em caso de intoxicação ligue para 0800 722 6001, se você precisar de mais orientações.

Interação medicamentosa: quais os efeitos de tomar Pindolol com outros remédios?

Interações previstas resultando em uso concomitante não recomendado

Inibidores da monoamina oxidase (MAO)

O uso simultâneo com betabloqueadores não é recomendado. Teoricamente, pode ocorrer hipertensão, possivelmente significativa, até 14 dias após a descontinuação do inibidor da MAO.

Interações previstas a serem consideradas

Agentes antidiabéticos

Betabloqueadores podem interferir na resposta hemodinâmica normal à hipoglicemia e produzir um aumento da pressão arterial associada à bradicardia grave. Embora a importância clínica destes efeitos com Pindolol seja provavelmente pequena na maioria dos pacientes diabéticos, os betabloqueadores devem ser evitados em pacientes diabéticos instáveis propensos a episódios de hipoglicemia.

Agentes bloqueadores dos canais de cálcio

A experiência mostra que o uso simultâneo de betabloqueadores orais e antagonistas do cálcio do tipo diidropiridínico pode ser útil na hipertensão ou na angina pectoris. No entanto, por causa de seu efeito potencial sobre o sistema de condução e contratilidade cardíaca, a via i.v. deve ser evitada. O tratamento oral requer monitoração cuidadosa, especialmente quando o betabloqueador for combinado com um antagonista do cálcio do tipo verapamil. A possibilidade de redução acentuada da pressão arterial durante a administração concomitante de derivados diidropiridínicos, como o nifedipino, com Pindolol em pacientes com insuficiência cardíaca latente não pode ser excluída.

Agentes antiadrenérgicos

Os efeitos anti-hipertensivos de bloqueadores alfa-adrenérgicos, tais como guanetidina, betanidina, reserpina, alfametildopa ou clonidina podem ser potencializados por betabloqueadores. Quando se interrompe a terapia de pacientes que recebem um betabloqueador e a clonidina simultaneamente, os betabloqueadores devem ser descontinuados gradativamente alguns dias antes da descontinuação da clonidina, a fim de reduzir o risco potencial de uma crise hipertensiva por abstenção da clonidina.

Anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs)

A administração concomitante de AINEs, incluindo inibidores da COX-2, com betabloqueadores, pode diminuir o efeito anti-hipertensivo, possivelmente como resultado da inibição da síntese da prostaglandina renal e da retenção de sódio e líquidos causada pelos AINEs.

Fenotiazinas

O uso simultâneo com betabloqueadores pode resultar em concentração plasmática aumentada de qualquer um dos medicamentos.

Medicamentos simpatomiméticos

A administração concomitante de medicamentos simpatomiméticos como a adrenalina, noradrenalina, isoprenalina, efedrina, fenilpropanolamina fenilefrina, ou derivados de xantina com um betabloqueador não seletivo pode aumentar a resposta vasopressora resultando em hipertensão, devido a efeitos antagônicos, além disso, os betabloqueadores podem diminuir a depuração da teofilina.

Agentes anestésicos

Betabloqueadores e certos anestésicos podem ser aditivos em seus efeitos cardiodepressores. No entanto, o uso continuado de betabloqueadores durante a anestesia reduz o risco de arritmias cardíacas e hipertensão. É aconselhado evitar o uso de agentes anestésicos que causam depressão do miocárdio, tais como ciclopropano e tricloroetileno.

Agentes antiarrítmicos

A administração concomitante de betabloqueadores com agentes antiarrítmicos classe I como a disopiramida, tocainida, flecainida, ou amiodarona pode ter efeito potencializador no tempo de condução atrial e induzir efeito inotrópico negativo. Embora este efeito potencializador seja fraco para o Pindolol, a possibilidade de interação com agentes antiarrítmicos não pode ser eliminada.

Glicosídeos digitálicos

Betabloqueadores e glicosídeos digitálicos podem ser aditivos em seu efeito depressor sobre a condução do miocárdio, em especial através do nó atrioventricular, resultando em bradicardia ou bloqueio cardíaco.

Alcaloides do Ergot

A administração concomitante com betabloqueadores pode aumentar a ação vasoconstritora dos alcaloides do Ergot.

Cimetidina

A cimetidina é um inibidor moderado de múltiplas enzimas do citocromo, tais como CYP2D6, CYP3A4, CYP2C19, CYP2E1, CYP2C9 e CYP1A2. A administração concomitante de cimetidina pode inibir o metabolismo hepático do Pindolol, resultando em concentrações plasmáticas aumentadas de Pindolol.

Qual a ação da substância do Pindolol?

Resultados de Eficácia


A eficácia de Pindolol no tratamento de pacientes hipertensos foi estabelecida em vários estudos.

Em um estudo multicêntrico aberto, 101 pacientes hipertensos foram tratados com doses variáveis de Pindolol (5 a 45 mg) e acompanhados por 12 semanas. Nesse período 76% dos pacientes atingiram controle adequado da hipertensão, enquanto que 6% dos pacientes apresentaram quedas significativas da pressão arterial, mas sem atingir o controle.

Em outro estudo duplo-cego cruzado com 31 pacientes hipertensos, o Pindolol (10 mg/dia) foi comparado à clortalidona (50 mg/dia) por 3 semanas. A resposta pressórica em repouso foi semelhante nos 2 grupos e, adicionalmente, o grupo tratado com Pindolol apresentou melhor controle pressórico no esforço comparado ao grupo clortalidona (p < 0,01).

Referências Bibliográficas

1. Fanchamps A. Am Heart J 1982;104:388406.
2. Atterhog JH et al. Am J Med 1976;60:872.
3. Schaffalitzky de Mukadell OB et al. Eur J Clin Pharmacol 1973;5:210.

Características Farmacológicas


Grupo farmacoterapêutico: betabloqueador. 
Código ATC: C07AA03.

Mecanismo de Ação / farmacodinâmica

Pindolol é um potente antagonista dos receptores beta-adrenérgicos (betabloqueador). Bloqueia ambos, receptores adrenérgicos beta1 e beta2, por mais de 24 horas após a sua administração. Apresenta atividade estabilizadora de membrana insignificante.

Como um betabloqueador, Pindolol protege o coração da estimulação dos receptores beta durante o exercício físico e o estresse mental, e também reduz a atividade simpática no coração em repouso. No entanto, sua atividade simpatomimética intrínseca (ASI) mantém o coração com um estímulo basal semelhante ao produzido pela atividade simpática normal em repouso. Desta forma, a frequência cardíaca, a contratilidade em repouso e a condução intracardíaca não são desnecessariamente deprimidas. Como consequência, o risco de bradicardia é pequeno e o débito cardíaco normal não é reduzido.

Pindolol é um betabloqueador com atividade vasodilatadora de relevância clínica, a qual resulta do agonismo parcial exercido sobre os receptores beta2 nos vasos sanguíneos. A resistência vascular elevada da hipertensão estabelecida é diminuída por Pindolol, sendo que a perfusão tecidual e dos órgãos não fica comprometida, podendo até ser melhorada. Contrariamente às alterações potencialmente adversas no perfil de lipoproteínas do sangue observadas durante o tratamento com outros betabloqueadores (uma diminuição na razão HDL/LDL), a proporção de lipoproteínas de alta densidade (HDL) para lipoproteínas de baixa densidade (LDL) não é alterada durante o tratamento a longo prazo com Pindolol, devido à sua acentuada ASI. Esta ASI exercida sobre o músculo liso brônquico reduz o risco de broncoespasmo em indivíduos não asmáticos com doença pulmonar obstrutiva.

As baixas doses terapêuticas de Pindolol refletem sua elevada potência e biodisponibilidade. Esta última, resultante da absorção quase que completa e um efeito de primeira passagem pelo fígado negligível, reduz as variações individuais dos níveis plasmáticos e, assim, leva a efeitos terapêuticos mais constantes numa determinada posologia.

Farmacocinética

Absorção

Após a administração oral dos comprimidos, Pindolol é rápida e quase completamente absorvido (95%) para o trato gastrintestinal. A biodisponibilidade absoluta média após a administração oral é de cerca de 87-92%. Os níveis plasmáticos de 10 a 30 ng/mL estão associados com a sua eficácia terapêutica. Após administração de dose única de Pindolol 5 mg, a concentração plasmática máxima média (Cmáx) de Pindolol foi de 33,1 ± 5,2 ng/mL (Tmáx 1-2 h).

Distribuição

O Pindolol é ampla e rapidamente distribuído por todo o corpo com um volume médio de distribuição de 2-3 L/kg. Aproximadamente 40% do fármaco está ligado às proteínas plasmáticas. A cinética de eliminação tem sido geralmente descrita como uma função de decaimento monoexponencial com um compartimento de farmacocinética. Pindolol atravessa a barreira placentária e passa em pequenas quantidades ao leite materno.

A distribuição transplacentária de Pindolol não é estereosseletiva. A gravidez pode alterar a farmacocinética de Pindolol, sugerindo um aumento no volume de distribuição e na depuração total.

Biotransformação / metabolismo

Aproximadamente 60 a 70% do Pindolol é metabolizado no fígado, formando metabólitos inativos (hidroxilatos), que são excretados através dos rins e fígado, como glicuronídeo e sulfato etéreo.

Eliminação

A meia-vida de Pindolol é de 3 a 4 horas e o fármaco tem um clearance (depuração) sistêmico entre 400 e 500 mL/min. Após a administração oral, 30 a 40% do fármaco é excretado inalterado na urina. Os metabólitos polares inativos são excretados com meia-vida de eliminação de 8 h. A fração eliminada na bile é de cerca de 6-8%.

Proporcionalidade da dose

Um aumento proporcional da exposição à dose foi registrado entre a faixa de 5 e 20 mg.

Efeitos dos alimentos

Não foram observadas diferenças significativas na absorção do Pindolol com ou sem alimentos. O alimento pareceu aumentar a taxa de absorção do Pindolol levando a uma concentração plasmática máxima um pouco maior (Cmáx) no tempo anterior (Tmáx), mas esta observação parece ser sem relevância clínica.

Populações especiais

Geriátricos

Os pacientes idosos podem apresentar maiores concentrações plasmáticas de Pindolol como resultado combinado de uma diminuição do metabolismo do fármaco na população idosa, uma diminuição do fluxo sanguíneo hepático e eliminação renal diminuída.

Gravidez

A meia-vida de eliminação de Pindolol não diferiu significativamente entre pacientes grávidas e não grávidas.

Pacientes com insuficiência renal / hepática

Os pacientes com função renal ou hepática podem ser tratados com doses normais. Somente em casos graves pode ser necessária uma redução da dose diária. A meia-vida plasmática do Pindolol é aumentada para 11,5 horas, dependendo da gravidade, em pacientes com insuficiência renal e é aumentada em até 30 horas, dependendo da gravidade, em pacientes com cirrose hepática.

Dados de segurança pré-clínicos

Toxicidade de dose repetida

Em estudos de toxicidade crônica oral (1-2 anos) em camundongos, ratos e cães, Pindolol não produziu nenhum efeito tóxico significativo.

Mutagenicidade e carcinogenicidade

Pindolol não apresenta potencial genotóxico. Em dois anos de estudos de carcinogenicidade oral em ratos e camundongos em doses tão elevadas como 98 mg/kg/dia e 124 mg/kg/dia (163 e 207 vezes a dose máxima recomendada para humanos, respectivamente), Pindolol não produziu quaisquer lesões patológicas neoplásicas, pré-neoplásicas ou não-neoplásicas.

Toxicidade reprodutiva

Pindolol não foi teratogênico nos estudos em camundongos, ratos e coelhos em 125 a 167 vezes a dose máxima humana. Em geral, estudos de fertilidade e desempenho reprodutivo em ratos, Pindolol não causou efeitos adversos na dose de 10 mg/kg. Na fertilidade e no desempenho de reprodução geral masculina testados em ratos, a toxicidade definitiva caracterizada por mortalidade e dimuição do ganho de peso foi observada no grupo que recebeu 100 mg/kg/dia. Parecia haver um aumento da mortalidade pré-natal do sexo masculino que receberam 100 mg/kg, mas o desenvolvimento da prole não foi prejudicado. Nas fêmeas em que foi administrado Pindolol antes do acasalamento até o 21o dia de lactação, o comportamento de acasalamento foi reduzida para 100 mg/kg e 30 mg/kg. Nessas dosagens também houve aumento da mortalidade das crias. Mortalidade pré-natal foi aumentada em 10 mg/kg, mas não havia uma resposta clara com relação à dose no experimento. Houve diminuição na sobrevivência pré-natal em 100 mg/kg.

Fontes consultadas

  • Bula do Profissional do Medicamento Visken®.

O conteúdo desta bula foi extraído manualmente da bula original, sob supervisão técnica do(a) farmacêutica responsável: Karime Halmenschlager Sleiman (CRF-PR 39421). Última atualização: 14 de Março de 2023.

Karime Halmenschlager SleimanRevisado clinicamente por:Karime Halmenschlager Sleiman. Atualizado em: 14 de Março de 2023.

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