Bula do Cloridrato de Protamina
Princípio Ativo: Cloridrato de Protamina
Cloridrato de Protamina, para o que é indicado e para o que serve?
Cloridrato de Protamina é indicada para neutralizar a ação anticoagulante da heparina em casos de hemorragias graves secundárias à heparinoterapia e para neutralizar o efeito da heparina administrada no pré-cirúrgico e durante circulação extracorpórea, como na diálise e nas cirurgias cardiovasculares.
Quais as contraindicações do Cloridrato de Protamina?
Cloridrato de Protamina é contraindicada em pacientes que tenham demonstrado intolerância prévia ao medicamento.
Este medicamento não deve ser utilizado por mulheres grávidas sem orientação médica ou do cirurgião-dentista. (Categoria C).
Como usar o Cloridrato de Protamina?
A dose necessária de Cloridrato de Protamina depende da quantidade de heparina circulante no sangue e do período de tempo transcorrido desde a sua administração. Cada 1 mL de Cloridrato de Protamina neutraliza 1.000 UI de heparina. Caso a concentração de heparina não seja determinada, recomenda-se não administrar mais do que 1 mL de Cloridrato de Protamina. Como regra geral, para o tratamento das hemorragias secundárias ao uso de heparina, pode-se utilizar uma dose de Cloridrato de Protamina que neutralize 50% da última dose de heparina. Para inativar a heparina após emprego de circulação extracorpórea, Cloridrato de Protamina pode ser utilizada nas mesmas proporções descritas e a posologia adaptada pela avaliação dos exames de coagulação (tempo de trombina, tempo parcial da tromboplastina).
Cloridrato de Protamina deve ser administrada diretamente por via intravenosa lenta num período de, aproximadamente, 10 minutos para doses que não excedam 50 mg (5.000 UI). Geralmente são injetados 10 mg/mL, correspondente a 1 mL (1.000 UI) em um período de 1 a 3 minutos.
Atenção: Interromper a administração de Cloridrato de Protamina quando o tempo de protrombina for normalizado, para evitar um excesso de protamina.
Interação medicamentosa: quais os efeitos de tomar Cloridrato de Protamina com outros remédios?
Pacientes portadores de diabetes que fazem uso de insulinas contendo zinco e Cloridrato de Protamina (como, por exemplo, a insulina NPH) têm um risco aumentado de desenvolvimento de reações adversas ao Cloridrato de Protamina, incluindo hipotensão e anafilaxia.
Qual a ação da substância do Cloridrato de Protamina?
Resultados de Eficácia
Uma meta-análise de estudos clínicos randomizados e não-randomizados avaliou os benefícios e a segurança da administração de Cloridrato de Protamina para reverter a anticoagulação após angioplastia coronariana. Foram considerados desfechos primários morte e sangramentos graves e o desfecho secundário foi infarto do miocárdio. Um total de cinco estudos clínicos foi incluído na meta-análise, envolvendo 6.762 pacientes (72,6% no grupo Cloridrato de Protamina e 27,4% no grupo padrão). A administração de Cloridrato de Protamina não se associou com uma diferença na mortalidade no curto prazo (2,8% versus 2,7%, respectivamente), mas se associou com uma redução significante na frequência de sangramentos graves (2,4% versus 4,1%, respectivamente; p < 0,0001). Não foram observadas diferenças na frequência de infarto do miocárdio. Os autores concluíram que a administração de Cloridrato de Protamina é segura e reduz a frequência de sangramentos graves (De Luca e cols., 2010).
Uma segunda meta-análise de estudos clínicos randomizados e não-randomizados avaliou a segurança e a eficácia da administração de Cloridrato de Protamina para reverter os efeitos da heparina após a realização de endarterectomia carotídea. Odds ratios (OR) agrupados foram calculados para os desfechos de acidente vascular cerebral (AVC) e hematoma local para os pacientes recebendo ou não o Cloridrato de Protamina após o procedimento. Um total de sete estudos clínicos foi incluído na meta-análise, envolvendo 3.817 pacientes recebendo Cloridrato de Protamina e 6.070 não recebendo Cloridrato de Protamina para a reversão dos efeitos anticoagulantes da heparina. Uma redução estatisticamente significante na frequência de hematoma local necessitanto reoperação foi registrada após a adminstração de Cloridrato de Protamina em pacientes submetidos a endarterectomia carotídea (OR de 0,42; intervalo de confiança de 95% de 0,22 a 0,80, p =0,008). Em contraste, não houve diferença significante na frequência de AVC entre os grupos de pacientes que receberam ou não Cloridrato de Protamina (OR de 0,71; intervalo de confiança de 95% de 0,49 a 1,03; p = 0,07). Os autores concluíram que a administração de Cloridrato de Protamina reduz o risco de hematoma local sem aumentar o risco de AVC (Kakisis e cols., 2016).
Características Farmacológicas
As Cloridrato de Protaminas são proteínas de baixo peso molecular, alcalinas, de carga fortemente positiva e ricas em arginina derivadas do esperma do salmão e de outros peixes da família Salmonidae.
A Cloridrato de Protamina, de carga positiva, combina-se com a heparina, que é negativamente carregada, formando um sal estável desprovido de atividade anticoagulante. A neutralização da heparina ocorre cerca de 5 minutos após administração intravenosa de Cloridrato de Protamina. A meia vida do complexo formado entre o Cloridrato de Protamina e a heparina é de 24 minutos em animais.
Cloridrato de Protamina é inativada enzimaticamente no plasma. Após administração intravenosa em animais, comprovou-se que o fígado e os rins são os órgãos que apresentaram as maiores concentrações. O Cloridrato de Protamina é eliminada principalmente por via renal e, em menor grau, por via hepática e biliar.
Fontes consultadas
Fonte: Bula do Profissional do Medicamento Protamina 1000®.
Doenças relacionadas
O conteúdo desta bula foi extraído manualmente da bula original, sob supervisão técnica do(a) farmacêutica responsável: Karime Halmenschlager Sleiman (CRF-PR 39421). Última atualização: 13 de Fevereiro de 2020.