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Bula do Adapaleno + Fosfato de Clindamicina

Karime Halmenschlager SleimanRevisado clinicamente por:Karime Halmenschlager Sleiman. Atualizado em: 20 de Abril de 2021.

Adapaleno + Fosfato de Clindamicina, para o que é indicado e para o que serve?

Adapaleno + Fosfato de Clindamicina é indicado no tratamento tópico da acne vulgar leve a moderada, sendo eficaz tanto nas lesões inflamatórias, como nas não inflamatórias. Agindo na proliferação do tecido cutâneo, o adapaleno apresenta ação comedolítica. A clindamicina age reduzindo a população de bactérias relacionadas ao surgimento da acne. Em alguns casos, são necessárias de 8 a 12 semanas de tratamento para que a ação terapêutica completa do produto seja observada.

Quais as contraindicações do Adapaleno + Fosfato de Clindamicina?

Adapaleno + Fosfato de Clindamicina é contraindicado a pacientes que já apresentaram hipersensibilidade ao adapaleno, a outros retinóides, à clindamicina, lincomicina ou a qualquer componente da fórmula. O adapaleno não deve ser aplicado em áreas com ferimentos, eczemas ou queimaduras solares. Não deve ser utilizado concomitantemente com agentes descamantes, limpadores abrasivos, adstringentes ou produtos irritantes (contendo álcool ou fragrâncias).

Não foram observados efeitos teratogênicos com adapaleno em ratos, mesmo em doses até 150 vezes a posologia tópica em humanos; também não houve fetotoxicidade, apenas um aumento supranumerário de costelas em ratos. Apesar de não terem sido observados efeitos teratogênicos em animais, não há estudos controlados em mulheres grávidas. Não se sabe se o adapaleno é excretado no leite materno, embora a clindamicina possa ser detectada no leite materno após administração oral ou intravenosa.

Categoria de Risco na Gravidez: C.

Este medicamento não deve ser utilizado por mulheres grávidas sem orientação médica ou do cirurgião-dentista.

Este medicamento é contraindicado para menores de 12 anos.

Como usar o Adapaleno + Fosfato de Clindamicina?

Aplicar uma fina camada do gel sobre a área afetada, uma vez ao dia, preferencialmente à noite, em quantidade suficiente para cobrir todo o local. A área de aplicação deve estar limpa e seca. Caso se esqueça de uma aplicação, utilizar o medicamento assim que possível, mas não aplicar o medicamento duas vezes no mesmo dia. Os resultados terapêuticos podem ser observados dentro de 8 a 12 semanas de tratamento.

Superdose: o que acontece se tomar uma dose do Adapaleno + Fosfato de Clindamicina maior do que a recomendada?

Não há relatos de superdose durante o uso de Adapaleno + Fosfato de Clindamicina em seres humanos. Este produto é indicado somente para uso externo. Se o medicamento for aplicado em quantidades excessivas, não haverá aceleramento ou melhora do resultado terapêutico, podendo ocorrer vermelhidão, descamação ou desconforto local. Neste caso, recomenda-se tratamento sintomático e contato imediato com seu médico.

A toxicidade oral aguda do adapaleno em camundongos e ratos surgiu acima de 10 mL/Kg. A ingestão crônica do adapaleno poderá ocasionar os mesmos eventos adversos associados à ingestão oral excessiva de vitamina A, enquanto que a clindamicina pode ser absorvida e produzir efeitos sistêmicos.

Em caso de intoxicação ligue para 0800 722 6001, se você precisar de mais orientações.

Interação medicamentosa: quais os efeitos de tomar Adapaleno + Fosfato de Clindamicina com outros remédios?

Como a absorção percutânea de adapaleno é insignificante, é improvável a interação medicamentosa com drogas administradas por via sistêmica. O uso concomitante de outros produtos de uso tópico potencialmente irritantes (sabonetes ou agentes de limpeza medicamentosos ou abrasivos, sabonetes e cosméticos com forte efeito secativo e produtos com alta concentração de álcool, adstringentes, rubofacientes ou agentes cítricos) deve ser feito com cautela. Deve-se tomar cuidado específico ao se utilizar preparações contendo enxofre, resorcinol ou ácido salicílico em combinação com o adapaleno.

Caso essas preparações tenham sido previamente utilizadas, recomenda-se não iniciar o tratamento com o adapaleno até que o efeito dessas preparações sobre a pele tenha cessado. A clindamicina possui propriedades bloqueadoras neuromusculares que podem aumentar a ação de outros agentes bloqueadores.

Desta forma, Adapaleno + Fosfato de Clindamicina deve ser usado com cautela em pacientes sendo tratados com tais agentes

Qual a ação da substância do Adapaleno + Fosfato de Clindamicina?

Resultados de Eficácia


Em 350 pacientes tratados por 12 semanas, o adapaleno creme a 0,1% mostrou redução significativa do número total de lesões acneicas (p < 0,001), comedões (p < 0,001) e lesões inflamatórias (p < 0,01), quando comparado ao uso de placebo (Millikan, 2001). Em outro estudo com 12 semanas de tratamento (n = 259), a solução de adapaleno a 0,1% foi tão eficaz quanto o gel de tretinoína a 0,025%, tanto na redução de lesões não inflamatórias (57% versus 54%), como de lesões inflamatórias (47% versus 50%). Entretanto, uma redução significativamente maior no número de comedões abertos (75%; p < 0,05) foi observada no grupo adapaleno, mantendo-se similaridade na incidência de eritema, descamação e xerose (Ellis et al, 1988). Em uma revisão de três estudos pivotais controlados, envolvendo mais de 900 pacientes, tanto o gel como a solução de adapaleno a 0,1% mostraram-se ao menos tão eficazes quanto o gel de tretinoína 0,025%, embora com superior tolerabilidade e início mais rápido de melhora clínica. Levantamento feito no Micromedex (2005) mostrou menor potencial de irritação do adapaleno, especialmente no tratamento inicial.

Um estudo multicêntrico de oito semanas, comparando o uso de dois sais de clindamicina 1% e placebo (n = 358), mostrou que a clindamicina tópica foi eficaz no tratamento da acne, com redução significativa no número de pústulas (Becker et al, 1981).

O uso combinado de clindamicina e adapaleno gel foi mais eficaz do que a clindamicina isolada em pacientes com acne vulgar leve a moderada, em um estudo multicêntrico com 249 pacientes recebendo aplicação tópica de loção de clindamicina a 1% e adapaleno gel a 0,1% ou apenas clindamicina 1%, por 12 semanas. Nas semanas 4, 8 e 12, já se observaram reduções significativas no número total de lesões acneicas e no número total de lesões não inflamatórias no grupo adapaleno/clindamicina, quando comparado ao grupo só com clindamicina (p < 0,001). Uma redução significativa das lesões inflamatórias no grupo adapaleno/clindamicina também foi observada (p = 0,004). Ambos os tratamentos foram bem tolerados, mas com incidência de descamação (p < 0,05), xerose (p < 0,01) e queimação (p < 0,05) significativamente maior no grupo adapaleno/clindamicina; apesar disso, os sintomas foram considerados leves na maioria dos eventos (Wolf et al, 2003).

Em outro estudo prospectivo e multicêntrico, 108 pacientes com lesões inflamatórias e não inflamatórias foram tratados com a combinação clindamicina 1% / adapaleno 0,1%. A redução do número total de lesões acneicas nas semanas 8 e 12 foi de 60,4% e 64,7%, respectivamente; a redução de lesões inflamatórias nestas mesmas semanas foi de, respectivamente, 58,9% e 71,4%, enquanto a das lesões nãoinflamatórias foi de 60,0% e 73,0%. Os eventos adversos mais comuns foram eritema, descamação e prurido (Dhanalakshmi et al, 2004).

Assim, apesar de os resultados serem bastante interessantes, diferentes formulações de adapaleno tópico já foram estudadas em busca de otimização de doses, eficácia e segurança. Entre esses estudos, alguns comprovaram que o uso de um sistema único de liberação prolongada de drogas formado por microesferas de polímero sintético (Microsponges Delivery System ou MDS) proporcionou aumento da penetração do adapaleno nas unidades pilossebáceas da pele. Essas microesferas porosas envolvem inicialmente o adapaleno e, após sua aplicação na pele, liberam-no de forma prolongada e préprogramada. Desta forma, as microesferas funcionam como “reservatórios”, permitindo que a pele absorva pequenas quantidades do adapaleno ao longo do dia, reduzindo muito os riscos de eventos adversos irritativos, como eritema, descamação, xerose, prurido e ardor, os quais são esperados em 10% a 40% dos pacientes tratados com adapaleno gel convencional. Desde que existem problemas de tolerabilidade com o adapaleno convencional, a incorporação desta tecnologia em microesferas poderia ser benéfica.

O diâmetro das microesferas pode normalmente variar de 5 a 300 μm. Considerando-se um tamanho médio de 25 μm, cada esfera pode ter até 250.000 poros distribuídos em uma estrutura interna equivalente a mais de 30 cm em comprimento ou a um volume total de cerca de 1 mL/g. Isso permite uma grande capacidade de reserva em cada microesfera, a qual pode suportar mais do que seu próprio peso em princípios ativos.

As microesferas de Adapaleno + Fosfato de Clindamicina penetram seletivamente no folículo piloso, carregando consigo concentrações elevadas de adapaleno, funcionando como verdadeiras esponjas microscópicas. A desestabilização prolongada das microesferas após a aplicação sobre a superfície da pele permite a liberação prolongada do adapaleno. As microesferas presentes em Adapaleno + Fosfato de Clindamicina contêm micropartículas de 3 a 10 μm de adapaleno, as quais são liberadas por uma variedade de fatores, como atrito e temperatura da pele.

Uma combinação fixa entre o adapaleno em microesferas e a clindamicina poderia igualmente aumentar a penetração da clindamicina através da pele, devido ao poder de enfraquecimento da camada córnea pelos retinóides. Tal comprovação foi feita por um estudo de farmacocinética em humanos, onde voluntários saudáveis receberam uma combinação fixa de adapaleno gel 0,1% em microesferas e clindamicina radiomarcada ou uma combinação fixa de adapaleno gel 0,1% convencional e clindamicina radiomarcada.

Após 14 dias de aplicação, a combinação com o adapaleno em microesferas permitiu uma penetração ainda maior da clindamicina na pele (p < 0,05). Este aumento foi da ordem de 1% e 137% para a combinação com adapaleno convencional, e de 33% e 153%, para a combinação com adapaleno em microesferas, respectivamente em homens e mulheres.

Referências Bibliográficas:

1. Milikan LE: Pivoral clinical trials of adapalene in the treatment of acne. Eur Acad Dermatol Venereol 2001; 15 Suppl 3:19-22.
2. Ellis CN, Gammon WR, Stone DZ et al: A comparison of Cleocin T solution, Cleocin T gel, and placebo in the treatment of acne vulgaris. Cutis 1988; 42(3):245-7.
3. Becker LE, Bergshesser PR, Whiting DA et al: Topical clindamycin therapy for acne vulgaria. A cooperative clinical study. Arch Dermatol 1981: 117(8):482-5.
4. Wolf JE Jr, Kaplan D, Kraus SJ et al: Efficacy and tolerability of combined topical treatment of acne vulgaris with adapalene and clindamycin: a multicenter, randomized, investigator-blinded study. J Am Acad Dermatol 2003;49:S211-7.
5. MICROMEDEX – DRUGDEX: adapalene (última revisão 03/2004), clindamycin (última revisão 03/2005).
6. Dhanalakshmi UR et al. Evaluation of efficacy, safety and tolerability of adapalene 0,1%/clindamycin 1% gel in patients of acne vulgaris – The first combination study. Indian Medical Gazette 2004: 119-123.

Características Farmacológicas


Farmacodinâmica

Embora o mecanismo de ação exato do adapaleno ainda não seja totalmente conhecido, acredita-se que normalize a diferenciação das células epiteliais foliculares, resultando na diminuição da formação de microcomedões. Todavia, a análise dos perfis bioquímico e farmacológico mostrou que o adapaleno é um modulador da diferenciação celular, queratinização e processos ligados à inflamação, todos eles características importantes da acne vulgar. O adapaleno demonstrou potente atividade em modelos in vivo e in vitro de inflamação, além de um efeito comedolítico in vivo em ratos. A ação do adapaleno na epiderme tem por base sua ligação a receptores do ácido retinóico nos núcleos celulares - e não ao receptor proteico citosólico - desencadeando um processo que, pelo que se conhece até o presente momento, é específico de retinóides como o adapaleno. Exatamente por seu mecanismo de ação específico, o adapaleno não deverá interferir no papel fisiológico dos ácidos retinóicos endógenos, sendo vantajosa sua ação não competitiva sobre as proteínas celulares de ligação ao ácido retinóico. Os retinóides têm diferentes afinidades pelas proteínas de ligação, sendo o perfil de ligação do adapaleno diferente da tretinoína.

O fosfato de clindamicina é inativo in vitro; porém, uma rápida hidrólise converte-o à clindamicina, a qual possui atividade antibacteriana. A clindamicina afeta o início do processo de formação da cadeia peptídica, inibindo a síntese proteica bacteriana pela ligação à subunidade ribossômica 50S. Estudos in vitro indicaram que a clindamicina inibiu todas as culturas de Propionibacterium acnes na concentração inibitória mínima de 0,4 mcg/mL. Já houve relatos de resistência cruzada entre eritromicina e clindamicina.

Farmacocinética

Apesar de a farmacocinética do adapaleno tópico não ter sido ainda amplamente estudada, seu efeito terapêutico normalmente aparece no intervalo de 8 a 12 semanas após o início do tratamento. As micropartículas de adapaleno atingem as unidades pilossebáceas sem se dispersar no estrato córneo e causar irritação, em decorrência de sua liberação a partir das microesferas. A absorção do adapaleno através da pele humana é baixa. Em estudos clínicos controlados, apenas traços (< 0,25 ng/mL) de substâncias relacionadas foram encontradas no plasma de pacientes com acne após tratamento tópico crônico com adapaleno. A excreção parece ocorrer principalmente por via biliar.

Estudo aberto de grupos paralelos avaliou pacientes com acne vulgar após administração única diária de aproximadamente 3-12 gramas de clindamicina tópica, durante cinco dias. Os resultados mostraram concentrações plasmáticas inferiores a 5,5 ng/mL. Após aplicações múltiplas de clindamicina, menos de 0,04 % da dose total foi excretada na urina.

Fontes consultadas

  • Bula do Profissional do Medicamento Deriva® C Micro.

Doenças relacionadas

O conteúdo desta bula foi extraído manualmente da bula original, sob supervisão técnica do(a) farmacêutica responsável: Karime Halmenschlager Sleiman (CRF-PR 39421). Última atualização: 20 de Abril de 2021.

Karime Halmenschlager SleimanRevisado clinicamente por:Karime Halmenschlager Sleiman. Atualizado em: 20 de Abril de 2021.

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