Bula do Ácido Azelaico
Princípio Ativo: Ácido Azelaico
Ácido Azelaico, para o que é indicado e para o que serve?
Creme
Ácido azelaico creme é indicado no tratamento da acne vulgar.
Gel
Ácido azelaico gel é indicado para o tratamento da acne vulgar e da rosácea papulopustulosa.
Quais as contraindicações do Ácido Azelaico?
Hipersensibilidade a substância ativa ou a qualquer um dos excipientes da formulação.
Como usar o Ácido Azelaico?
Uso externo.
A aplicação de Ácido azelaico só deve ser feita após cuidadosa limpeza da pele com água corrente ou, caso necessário, com um agente de limpeza suave. Secar a pele antes de aplicar o medicamento.
É importante utilizar Ácido azelaico regularmente durante todo o período de tratamento.
A duração do tratamento depende do grau de intensidade do distúrbio da pele, podendo variar de paciente para paciente. Em geral, uma melhora distinta torna-se aparente após aproximadamente 4 semanas de tratamento.
Entretanto, para obtenção de melhores resultados, é necessário utilizar Ácido azelaico por vários meses. Há experiência clinica para um período de aplicação continua de até 1 ano para Ácido azelaico creme.
Nos casos de reações cutâneas intensas, deve-se diminuir a quantidade do medicamento utilizada por aplicação ou reduzir a frequência do uso para uma vez ao dia, até que a irritação desapareça. Se necessário, o tratamento poderá ser temporariamente interrompido por alguns dias.
Ácido azelaico creme
Tratamento da acne vulgar
Deve ser aplicado 2 vezes ao dia (de manhã e à noite) sobre as regiões afetadas, friccionando cuidadosamente (aproximadamente 2,5 cm de creme é suficiente para tratar toda a região facial).
A segurança e eficácia de Ácido azelaico creme em crianças com idade abaixo de 12 anos não foi estabelecida.
Ácido azelaico gel
Tratamento da acne vulgar e rosácea papulopustulosa
Deve ser aplicado 2 vezes ao dia (de manhã e à noite) sobre as regiões afetadas, friccionando cuidadosamente (aproximadamente 2,5 cm de gel = 0,5 g é suficiente para tratar toda a região facial).
A segurança e eficácia de Ácido azelaico gel para o tratamento da acne vulgar em crianças com idade abaixo de 12 anos não foi estabelecida.
A segurança e eficácia de Ácido azelaico gel para o tratamento da rosácea papulopustulosa em pacientes com idade abaixo de 18 anos não foram estabelecidas.
Superdose: o que acontece se tomar uma dose do Ácido Azelaico maior do que a recomendada?
Resultados de estudos de toxicidade aguda não indicaram que qualquer risco de intoxicação aguda seja esperado após uma única aplicação tópica de uma superdose (aplicação em área extensa sob condições favoráveis de absorção) ou mesmo após ingestão oral inadvertida.
Em caso de intoxicação ligue para 0800 722 6001, se você precisar de mais orientações.
Siga corretamente o modo de usar, não desaparecendo os sintomas procure orientação médica.
Interação medicamentosa: quais os efeitos de tomar Ácido Azelaico com outros remédios?
Não há nenhum estudo de interação medicamentosa de Ácido azelaico com outras substâncias.
Qual a ação da substância do Ácido Azelaico?
Resultado de Eficácia
A eficácia terapêutica de Ácido azelaico no tratamento da acne baseia-se em sua ação antimicrobiana e na influência direta sobre a hiperqueratose folicular.
Clinicamente, observa-se uma redução significativa da concentração de colonização de Propionibacterium acnes, assim como uma significante diminuição da fração de ácidos graxos livres na superfície lipídica da pele.
A hiperpigmentação pós-inflamatória, decorrente da acne, é um processo da pele que estimula os melanócitos a aumentar a síntese de melanina sob a ação da enzima tirosinase. O ácido azelaico possui uma ação anti-tirosinase direta.
Características Farmacológicas
Farmacodinâmica
A eficácia terapêutica de Ácido azelaico no tratamento da acne baseia-se em sua ação antimicrobiana e na influência direta sobre a hiperqueratose folicular.
Clinicamente, observa-se uma redução significativa da concentração de colônização de Propionibacterium acnes, assim como uma significante diminuição da fração de ácidos graxos livres na superfície lipídica da pele.
O ácido azelaico, in vitro e in vivo, inibe a proliferação dos queratinócitos e normaliza o processo de diferenciação epidérmica final anômala, presente na acne.
Estudos realizados em orelhas de coelhos demonstraram que o ácido azelaico acelera a lise dos comedões induzidos por tetradecanos.
Embora a fisiopatologia da rosácea não seja completamente compreendida, existe cada vez mais consenso que a inflamação que envolve a elevação de várias moléculas pró-inflamatórias efetivas, tais como a calicreína-5 e catelicidina, bem como espécies de oxigénio reativas (ROS), seja um processo central desta doença.
Demonstrou-se que o ácido azelaico modula a resposta inflamatória nos queratinócitos humanos normais através de:
- Ativação do PPAR γ (receptor ativado por proliferação da peroxissoma γ);
- Inibição a transativação do fator nuclear-kB (NF-kB);
- Inibição da produção de citocinas pró-inflamatórias;
- Inibição da libertação de ROS a partir de neutrófilos, assim como efeitos diretos sobre o ROS existente.
Além disso, foi demonstrado que o ácido azelaico inibi diretamente a expressão de calicreína-5 e catelicidina em três modelos: in vitro (queratinócitos humanos), em pele de murino e na pele facial de pacientes com rosácea. Estas propriedades anti-inflamatórias do ácido azelaico podem desempenhar um papel no tratamento da rosácea. Embora o significado clínico destes resultados, em relação calicreína-5 e cathelicidin e seu impacto sobre a fisiopatologia da rosácea, ainda não foi plenamente demonstrado em um grande estudo clínico, os estudos iniciais na pele facial humana parecem confirmar os achados in vitro e com murino.
Farmacocinética
O ácido azelaico penetra em todas as camadas da pele humana após a aplicação tópica do medicamento. A penetração é mais rápida na pele danificada do que na pele íntegra.
Um total de 3,6% da dose aplicada é absorvido através da pele após uma única aplicação tópica de 1 g de ácido azelaico (5 g de creme).
Estudos clínicos realizados em pacientes com acne indicaram taxas de absorção de ácido azelaico similares para as formas farmacêuticas gel e creme de Ácido azelaico.
Uma parte do ácido azelaico absorvido através da pele é excretada em sua forma inalterada na urina.
A porção restante é quebrada por beta-oxidação, originando ácidos dicarboxílicos com cadeias menores (C7, C5), os quais também foram encontrados na urina.
No estado de equilíbrio, níveis plasmáticos do ácido azelaico encontrados em pacientes com rosácea, após 8 semanas de tratamento com 2 aplicações diárias de Ácido azelaico gel, ficaram dentro do intervalo observado também em voluntários e em pacientes com acne, submetidos a dietas normais. Isto indica que a extensão da absorção percutânea do ácido azelaico, após 2 aplicações ao dia de Ácido azelaico gel, não altera a concentração sistêmica do ácido azelaico derivado da dieta e de fontes endógenas de uma forma clinicamente significativa.
Dados de segurança pré-clínicos
Toxicidade sistêmica
Em estudos de tolerância sistêmica, após administração oral e dérmica repetida de ácido azelaico e do creme, não encontrou-se nenhuma evidência de que efeitos adversos são esperados mesmo sob condições extremas, tais como aplicações em extensas áreas e/ou sob oclusão.
Embriotoxicidade / Teratogenicidade
Estudos de desenvolvimento embriofetal com a administração oral de ácido azelaico em ratos, coelhos e macacos cinomólogos durante o período de organogênese revelou embriotoxicidade em doses na qual alguma toxicidade materna foi notada. Não foram observados efeitos teratogênicos.
O NOAEL (Nível de dose sem observação de efeito adverso) embriofetal foi de 32 vezes a DMRH (dose máxima recomendada para humanos) com base na ASC em ratos, 6,5 vezes a DMRH com base na ASC em coelhos e 19 vezes a DMRH com base na ASC em macacos.
Em um estudo de desenvolvimento peri e pós-natal em ratos, no qual o ácido azelaico foi administrado por via oral a partir do 15º dia gestacional até o 21º dia pós-parto, foram notadas ligeiras distúrbios no desenvolvimento pós-natal de fetos, em doses orais que resultou em alguma toxicidade materna.
O NOAEL foi de 3 vezes o MRHD com base na ASC. Nenhum efeito sobre a maturação sexual dos fetos foi observado neste estudo.
Toxicidade Reprodutiva
Estudos sobre o prejuízo da fertilidade em animais não demonstraram nenhuma evidência para tal risco durante o uso terapêutico de Ácido azelaico.
Genotoxicidade e Carcinogenicidade
Estudos in vivo e in vitro com ácido azelaico não demonstraram nenhuma evidência de efeitos mutagênicos em células germinativas e somáticas.
Estudos carcinogênicos específicos usando ácido azelaico não foram realizados. Tais experimentos não foram considerados necessários porque ácido azelaico ocorre no metabolismo normal dos mamíferos e, no que diz respeito ao potencial carcinogênico, riscos não são previstos em função da natureza química do composto e dos dados disponíveis dos estudos pré-clínicos que indicam a ausência de toxicidade em órgãos alvo, a falta de efeitos proliferativos e a falta de mutagenicidade/genotoxicidade.
Tolerância local e o potencial de sensibilização por contacto
Investigações de experimentação animal realizados em pele de coelhos, para avaliar a tolerância local de Ácido azelaico resultaram em reações leves de intolerância.
Contato com os olhos deve ser evitado devido ao efeito irritativo moderado à severo identificado nos estudos de tolerância local nos olhos de coelhos e macacos.
Ácido azelaico creme não demonstrou nenhum efeito comedogênico em orelha de coelho.
Sinais de que a substancia ativa tem propriedades sensibilizantes não foram encontrados no teste de maximização realizado em cobaia (guinea-pig).
Farmacologia de segurança
O ácido azelaico administrado uma vez por via intravenosa não apresentou efeitos sobre o sistema nervoso (teste de Irwin), função cardiovascular, metabolismo intermediário, músculos lisos e na função do fígado e do rim.
Fontes consultadas
- Bula do Profissional do Medicamento Azelan®.
O conteúdo desta bula foi extraído manualmente da bula original, sob supervisão técnica do(a) farmacêutica responsável: Karime Halmenschlager Sleiman (CRF-PR 39421). Última atualização: 23 de Julho de 2020.